Então passaremos a tratar sobre alguns pontos do "Magnífico e Salutar Sacramento da Penitência!"
São Leopoldo Mandic em 1917 |
Infelizmente em nossos dias, com proliferação cada vez maior de doutrinas errôneas e deturpadas, torna-se comum ouvirmos de alguns lábios "ignorantes", "relativistas" ou, cheios de má vontade, esta afirmação: "Eu me confesso diretamente com Deus." Para quê recorrer a um sacerdote?
Antes de tudo, a Confissão é mesmo necessária para apagar os pecados?
Sim, a confissão é indispensável. Assim como a água é necessária para lavar as manchas, não podemos lavar e destruir os pecados sem a confissão. Foi estabelecida por Deus, e Jesus Cristo a confirmou.
Mas Deus não poderia ter estabelecido as coisas diferentes?
Sim, podia tê-lo feito, sendo Ele Deus, mas desde que achou preferível proceder assim, não nos resta senão obedecer. De mais a mais haveria uma maneira mais fácil?
Não! Suponhamos que, por exemplo, para cada pecado tivesse ordenado uma esmola grande: quantas não a achariam penosa e impossível? Suponhamos ainda que tivesse estabelecido um jejum; quantos não poderiam ou não quereriam fazê-lo? Suponhamos ainda que tivesse exigido uma longa peregrinação; quantos nesse caso, mesmo querendo, não a poderiam realizar? Mas com a confissão não há nada disso, para quem quer que seja, por qualquer pecado e número de vezes, só é necessária uma coisa: confessar-se a um Ministro, cuja escolha é livre, no modo mais secreto e tudo está perdoado. Ah! diga-me: se a lei humana ou civil agisse da mesma maneira, se bastasse apresentar-se a um juiz e confessar a culpa para receber o perdão, haveria ainda prisões e penitenciárias?
Absolutamente não! todos se confessariam, mesmo os mais velhacos.
Por que, então, achamos penosa a confissão sacramental?
Pois seja: mas não chegaria uma confissão feita diretamente a Deus? Quê necessidade há de se, correr ao Sacerdote, pondo-o ao corrente dos nossos interesses?
Quem manda faz leis!
Ouça: O Presidente e o governo mandam que paguemos impostos; pois bem, faça uma experiência; vá ao Rio de Janeiro para pagar diretamente ao Presidente e ao Governo. Dir-lhe-iam: vá ter com o nosso encarregado, o coletor e pague a ele, você poderia protestar à vontade que a situação não mudaria. Querem que paguemos, mas ao coletor. O mesmo dá-se com a confissão. Deus perdoa, mas por meio dos seus encarregados, que são os confessores. É mesmo! E eu que nunca tinha pensado nisso!
Quanto ao pormos outra pessoa a par dos nossos interesses, tenha paciência, de que negócios se trata nesse caso? Trata-se de pecados e não de interesses. Quando você sente uma forte dor de cabeça ou de dentes será que você, para não pôr ninguém ao par dos seus casos, não corre ao médico ou ao dentista, para se ver livre dela? E quando o acusam será que você não procura um advogado para que o salve de uma condenação?
Oh! eu corro logo ao médico ou ao advogado e conto tudo; procuro até explicar as coisas direitinho.
Então só no que diz respeito à Confissão, que é segredo impenetrável, divino, é que receamos dar a conhecer os nossos interesses? Ora! Essas são desculpas muito magras que denunciam má vontade!
Todavia Padre, o senhor deve reconhecer que é duro manifestar misérias...
Reconheço que realmente é bastante duro, porque o nosso amor próprio fica um pouco humilhado, mas devemos pensar que isso é um dever, uma necessidade. E ao médico, será que não se confessam certas misérias?
Ah! contanto que ele nos cure... Pois bem, ou queremos receber a graça e voltar a ser filhos de Deus, ou queremos ficar sendo filhos do demônio, escravos do inferno: não há outra saída, e para nos conseguirmos livrar é indispensável que nos confessemos, sem o que não pode haver nem
paz, nem perdão, nem Paraíso. Quem manda faz leis. Eis a prova dos fatos.
"Enterrem-me como um jumento"
São Bento conta nas suas crônicas que um religioso chamado Pelágio, tendo por infelicidade cometido um pecado grave na mocidade, deliberou não o confessar. Passava assim os meses e os anos numa aflição enorme, atormentado sempre pelo remorso. Um peregrino, passando por lá, disse-lhe como se Deus o iluminasse: "Pelágio,confessa-te; Deus conceder-te-á o perdão e terás sossego". Mas ele teimou em não falar, e iludindo-se que poderia obter o perdão sem a confissão, resolveu fazer grandes penitencias. Entrou num convento; e ali pela humildade,pela obediência, pelos jejuns e mortificações, conquistou a admiração de todos, e foi sepultado com muito pesar nos túmulos da Igreja, conforme o hábito da época. Na manhã seguinte o Sacristão achou o corpo em cima do túmulo e o enterrou de novo. Mas, também nos dias que se seguiram, achou-o novamente fora da sepultura. Avisou então o abade: este correu para junto do cadáver com os outros monges, e disse: Pelágio, foste sempre obediente em vida, obedece também depois da morte. Dize-me, estás por acaso no purgatório? Tens necessidade de sufrágios ou é desejo divino que sejas posto num lugar mais digno?
Ai de mim! Eu estou no inferno por causa de um pecado omitido desde muitos anos e pelo qual esperava obter misericórdia por outros meios. Tirem-me daqui, e enterrem-me em campo aberto, como um jumento.
"Um pecado cometido aos sete anos, e nunca confessado"
Conta-se que uma freira, tendo cometido um pecado desde sete anos, nunca o quis confessar, na esperança de alcançar o perdão igualmente. Para esse fim, fechou-se em um convento e se tornou religiosa. Devido à sua vida austera e a prática de todas as virtudes, foi eleita abadessa, cargo que desempenhou com escrúpulo exemplar. Mas, depois de morta apareceu às religiosas, toda rodeada de chamas, e, gritando desesperadamente dizia: "Não rezem por mim que estou condenada por causa de um pecado que nunca confessei desde "sete anos". Pobres! e uma só palavra na confissão teria chegado para os tornar felizes, não é Padre?
Justamente! e dessa maneira vivem num inferno quando em vida, e vão para ele depois de mortos. E no entanto, creia-me, não é pequeno o número desses infelizes que não querem convencer-se de que, para eliminar os pecados é indispensável a confissão, da qual, além disso, o coração sente necessidade.
Caros leitores, recomendamos vivamente a todos a lerem o livro: "Confessai-vos bem". Nele é tratado de maneira fácil e atraente, sobre os benefícios da confissão bem feita, como também outros temas relacionados ao sacramento da penitência, e que muitas vezes temos dúvidas. Como por exemplo: O segredo inviolável da confissão, com que frequência devo confessar-me, como fazer um bom exame de consciência etc...
(Trechos tirados do livro: Confessai-vos Bem! ,Pg. 32, 33. Pe. Luis Chiavarino, EDIÇÕES PAULINAS.)
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