sábado, 20 de dezembro de 2014

A árvore de natal

A ÁRVORE DE NATAL


A árvore de Natal sempre aponta para o céu,
e sua ramagem perpetuamente verde lembra-nos Aquele que nos
concedeu a vida eterna.
Quando surgiu a árvore de Natal?
A história da festiva árvore começa nas densas florestas da Germânia, no século VIII. O
 grande São Bonifácio, bispo e apóstolo daquelas terras, havia então trazido um bom
número de tribos pagãs ao rebanho de Jesus Cristo. Mas seu labor não era fácil.
Por vezes, os conversos, cuja fé ainda era vacilante, recaíam nos perversos costumes de
seus antepassados.
Em certa ocasião, Bonifácio teve de realizar uma longa viagem a Roma, onde fora pedir
conselho ao Papa Gregório II. Meses depois, ao retornar à região do Baixo Hesse, com
horror surpreendeu alguns nativos que estavam a ponto de realizar um dos holocaustos
humanos exigidos pela religião primitiva. Libertando nove meninos que seriam vítimas,
o zeloso bispo quis, então, dar um público testemunho de quão impotentes eram os falsos
deuses diante do Cordeiro de Deus.
Mandou abater o enorme carvalho de Thor, sob o qual se realizaria o sangrento sacrifício. Os sacerdotes
pagãos o ameaçaram de ser fulminado pelos raios do deus do trovão. No entanto, derrubada a árvore,
nada aconteceu, para humilhação dos gentios. Os relapsos se arrependeram, então, e muitos idólatras
pediram o sacramento do batismo. A queda da árvore de Thor representou a queda do paganismo naquelas
regiões.
Paulo Eduardo Roque Cardoso.jpg
Os germanos, já então pacificados e convertidos, adotaram o pinheirinho
como um símbolo cristão.
Ele sempre aponta para o céu, e sua ramagem eternamente verde lembra-nos
Aquele que nos concedeu
a vida eterna. Sob seus galhos já não há ofertas cruéis, mas sim os presentes
em honra de Cristo recém-nascido.
Anos e anos mais tarde, a árvore de Natal transpôs as fronteiras da Alemanha.
Nos séculos XVIII e XIX,
tornou-se comum entre a nobreza européia, alcançando as cortes da Áustria,
França e Inglaterra, até a
longínqua Rússia. Dos palácios difundiu-se pelo povo da Europa e, por fim,
nos dias de hoje, a encontramos
espalhada por todo o orbe.
No centro da cristandade, em plena Praça de São Pedro, todos os anos, é
erguida uma árvore de grandes
proporções, elegantemente ornada, segundo é próprio à dignidade do local.
Tocado pela sua beleza e simbolismo,
o saudoso Papa Beato João Paulo II a ela se referiu, em dezembro de 2004:
"A festa do Natal, talvez a mais querida à tradição popular, é extremamente
rica de símbolos, ligados às
 diferentes culturas. Entre todos, o mais importante é, sem dúvida, o presépio [...].
Ao lado deste, como nesta Praça de São Pedro, encontramos a tradicional
‘árvore de Natal'. Também esta
é uma antiga tradição, que exalta o valor da vida porque na estação invernal,
a árvore sempre verde
se torna um sinal da vida que não perece. Geralmente, na árvore adornada e
aos pés da mesma
são colocados os dons de Natal. Assim, o símbolo torna-se eloqüente também em
sentido tipicamente cristão:
evoca à mente a ‘árvore da vida' (cf. Gn 2, 9), figura de Cristo, supremo dom de
Deus à humanidade.
Por conseguinte, a mensagem da árvore de Natal é que a vida permanece
‘sempre verde', se ela se
torna dom: não tanto de coisas materiais, mas de si mesmo: na amizade e
no carinho sincero, na ajuda
fraterna e no perdão, no tempo compartilhado e na escuta recíproca. Que
Maria nos ajude a viver o
Natal como uma ocasião para saborear a alegria de nos doarmos a nós
mesmos aos irmãos, especialmente 
aos mais necessitados". (Beato João Paulo II, Ângelus, 19/12/2004)
Para que tanto enfeite na árvore de Natal?

A tradição católica assimilou a árvore de Natal com uma nova árvore da vida,
aquela do jardim
do Éden, lá no Paraíso (Gn 2,9). É costume enfeitá-la com bolas coloridas, como
se fossem frutos,
e com outros adornos natalinos. Os enfeites alegorizam desejos, virtudes,
vínculos e sonhos das
pessoas e da cada onde está a árvore de Natal. Já no tempo de São Bonifácio,
as árvores de Natal
 eram enfeitadas com maçãs, evocando a nova frutificação e o antigo pecado
original. Ao contrário
 da história do Éden sobre a serpente e a maçã (do latim: malum), a árvore de
natal passou a evocar
 vida e salvação, plantada nas casas. As árvores também eram decoradas com
velas, representando
Nosso Senhor Jesus Cristo, a Luz do mundo. O costume difundiu-se pela Europa.
Uma das primeiras
registadas dos enfeites é do século XVI e vem da Igreja da Alsácia, na França.
As famílias decoravam
os pinheiros com papéis coloridos, enfeites, frutas e doces. Espalhada por toda
a Europa, a tradição
de enfeitar a árvore de Natal chegou ao continente americano por volta de 1800.
Qual o simbolismo das bolas?
Desde o século VI, a tradição da árvore de Natal evolui: trocaram-se as perecíveis
maçãs da árvore
do Éden por bolas e enfeites, como sinal dos frutos da vida. As tradições familiares
variam.
Alguns colocam 12 bolas ou múltiplos de doze para evocar os doze apóstolos. Outros colocam 33 bolas,
para lembrar os anos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Outros adornam progressivamente a
árvore de Natal com 24 a 28 bolas, dependendo do número de dias do
Advento (do latim, Adventus:
chegada). Outros ainda adornam a árvore de uma só vez. Às vezes, as crianças
elaboram suas próprias bolas.
Em outras famílias, as bolas são colocadas com uma oração ou um propósito em casa
uma, até o dia
de nascimento de Nosso Senhor. Para certas ordens religiosas, as bolas representam as orações
do período do Advento: as azuis são orações de arrependimento, as prateadas de agradecimento,
as douradas de louvor e as vermelhas de prece.

Por que as bengalas, os 3 sinos e os 7 anjinhos?
Os enfeites da árvore de natal são um espaço de liberdade, arte e poesia para a
criatividade familiar.
Alguns são tradicionais e merecem destaque. Os 3 sininhos simbolizam a Santíssima Trindade e também
costuma adornar a guirlanda do Natal, na entrada das casas. Os 7 anjinhos
representamos espíritos
angélicos, os anjos dos pequeninos diante de Deus, contemplando e intercedendo
por todos (Mt 18,10).
As bengalinhas evocam a caminhada, o trabalho de cada um e também o
pastoreio de Nosso Senhor,
o cajado do Bom Pastor. Também colocam-se pequenos e bonitos pacotinhos
e presentinhos dependurados
na árvore ou aos seus pés. Eles representam as boas ações e os sacrifícios, os
“presentes” que serão dados
a Nosso Senhor Jesus Cristo no Natal.
(Beato João Paulo II, Ângelus, 19/12/2004)
(Revista Arautos do
Evangelho, Dez/2007, n. 72)-
EVARISTO EDUARDO DE MIRANDA,
doutor
em ecologia, autor do
livro “Guia de curiosidades católicas”, recém
editado pela Ed. Vozes e diretor
do Instituto Ciência
e Fé. Dirige a EMBRAPA Monitoramento Ambiental
por Satélite, Campinas/SP.

Assista também um vídeo sobre as origens cristãs da árvore de Natal