Primeira notícia na história, sobre o milagre do sol:
Eis (na íntegra) o curioso texto, não assinado, por certo escrito pela redação do “Mensageiro
Parochial”, de Viseu, um dos semanários que se publicavam em duplicação com o
“João Semana”:
Em
01/07/1917 noticiava o “J. S.”:
E
segue a transcrição de “A Ordem” de 09/06/1917, em que se narra ir o pequeno
pastor, em dia da Ascensão, a caminho do monte, eram cerca das 8 horas da
manhã, rezando o terço, quando um relâmpago o impressionou. “Dá mais uns
passos, atravessa um portelo e defronta uma Senhora, sentada, com as mãos
postas, tendo o dedo maior da mão direita destacado, em determinada direção. O
seu rosto era lindo como nenhum outro, toda Ela cheia de luz e esplendor, de
maneira a confundir a vista, cobrindo-lhe a cabeça um manto azul, e o resto do
corpo um vestido branco. Logo que o pequeno vidente A viu, caiu para o lado
surpreendido com tal acontecimento. Readquirido animo, levantou-se e exclamou: “Jesus
Cristo”. Nesse mesmo momento desapareceu a visão”. (…)
No
dia seguinte, à mesma hora e no mesmo local encontrou a mesma Senhora. “Nesse
dia o rosto da Aparição despreendia-se em sorrisos. Quando A viu caiu de
joelhos e disse um pouco surpeeendido (para não dizer assustado), o que o seu
pároco lhe havia aconselhado: – Quem falou ontem fale hoje. Então
a Aparição com uma voz que era um misto de rir e cantar, diferente do falar de
todos os mortais que tem visto, tranquilizou-o dizendo-lhe: “Não te assustes.
Sou Eu, menino. E acrescentou: “Dize aos pastores do monte que
rezem sempre o terço, e que os homens e mulheres cantem a Estrela do Céu. E as
Mães que têm filhos lá fora, que rezem o terço, cantem a Estrela do Céu e se
apeguem comigo, que hei-de acudir ao Mundo e aplacar a guerra”. (…)
Depois
de observar que, com a comoção, o pequeno não mais quis voltar ao local da
aparição, “A Ordem” acrescenta: “A criança, apesar da sua extrema pobreza, tem
uma aparência sadia, sem aspecto e antecedentes nervosos que permitam supor que
fosse uma alucinação, aliás repetida. É uma criança que é considerada na
freguesia, gozando fama de verdadeira, e não mentirosa”.
E a
notícia continua, explicando que a “Estrela do Céu” é uma antiga oração já
esquecida naquela terra e que o povo considerava a aparição como de Nossa
Senhora.
Em
8/7, 15/7 e 22/7, “J. S.” volta ao assunto, a propósito da antífona “Estrela do
Céu”, e na semana seguinte (29/7) afirma que a autoridade eclesiástica iniciou
o processo e que, enquanto o arcipreste local concluía pela veracidade dos
factos, milhares de pessoas citavam milagres e deslocavam-se ao Barral.
O
probo historiador e professor universitário P.e Avelino de Jesus Costa, que se
debruçou sobre o assunto, admite a veracidade dos factos:
[3] “O Século” do próprio dia 13, em 1.ª página, anunciava: “Em pleno sobrenatural! As Aparições de Fátima / Milhares de pessoas concorrem a uma charneca nos arredores de Ourém, para verem e ouvirem a Virgem Maria”.
O
jornalista Avelino de Almeida foi, como enviado especial, disposto a fazer a
reportagem da aparição e, como livre pensador, ia preparado para escalpelizar o
anunciado “sinal” previsto para aquele dia. Do que observou escreveu com
imparcialidade, logo no dia 15, em 1ª página, um artigo intitulado: “Coisas
espantosas! Como o Sol bailou ao meio dia em Fátima. As Aparições da
Virgem – Em que consistiu o sinal do Céu – muitos milhares de pessoas afirmam
ter-se produzido um milagre – A guerra e a paz” e uma fotografia dos três
pastorinhos (a única ilustração vinda na 1.ª página), acompanhava o texto.
Em 13 de Outubro de 1917: Grupo de pessoas olhando para o céu. Gravura
gentilmente cedida pela “Voz de Fátima”. Esta mesma cena veio reproduzida na
“Ilustração Portuguesa” de 29/10/1917, embora apenas com as personagens do
lado direito (cf. Sebastião Martins dos Reis, “Síntese crítica de Fátima”).
Não foi possível constatar se algum vareiro esteve nesse dia em Fátima entre
as 50 000 testemunhas do “milagre do Sol”.
|
A
“Ilustração Portuguesa”, revista de grande tiragem, apresentou em 29 de
Outubro, a páginas 353-356, uma reportagem do mesmo jornalista com nada menos
que onze fotografias tiradas em 13 de Outubro. Do artigo, que tinha por
título “O Milagre de Fátima” (Carta a alguém que pede um testemunho
insuspeito”) transcrevemos a parte final: “E, quando já não imaginava
que via alguma coisa mais impressionante do que essa rumorosa mas pacífica
multidão animada pela mesma obsessiva ideia e movida pelo mesmo poderoso
anseio, que vi eu ainda de verdadeiramente estranho na charneca de Fátima? A
chuva, à hora prenunciada, deixar de cair; a densa massa de nuvens romper-se e
o astro-rei – disco de prata fosca – em pleno zénite, aparecer e começar
dançando n’um bailado violento e convulso, que grande número de pessoas
imaginava ser uma dança serpentina, tão belas e rutilantes cores revestiu
sucessivamente a superfície solar… / Milagre, como gritava o povo; fenómeno
natural, como dizem sábios? Não curo agora de sabê-lo, mas apenas de te afirmar
o que vi… o resto é com a Ciência e com a Igreja…”
Outras
publicações, mesmo humorísticas, comentaram e glosaram as aparições de Fátima,
como “O Século Cómico” (Suplemento de “O Século”) de 29/10/1917.
Artigo publicado no jornal JOÃO SEMANA (1 de novembro
de 1977)
fonte: http://artigosjornaljoaosemana.blogspot.com.br/2016/07/fatima-na-imprensa-vareira-ha-60-anos-o_6.html
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