domingo, 23 de abril de 2017

A caridade não se revela apenas nas esmolas em dinheiro

A caridade não se revela apenas nas esmolas em dinheiro.
Muito mais em partilhar a doutrina e em prestar serviços corporais.”¹
Não há o que baste ao falarmos sobre a necessidade de praticar as obras de misericórdia. Sabemos deverem ser elas – ensinadas pelo Divino Mestre, quer pela Sua inovadora doutrina, quer por Sua vida – praticadas na perfeição como Ele próprio nos mandou: “Sede perfeitos como vosso Pai que está nos Céus é perfeito” (Mt 5,48).
Assim, não poucos expressam como é belo dar esmolas, ou beneficiar materialmente os necessitados que não têm os meios para viver com dignidade. E com quanta razão o dizem! Pois esta prática de atender a esses necessitados sempre encontrou a solicitude materna da Santa Igreja, que promoveu, ao longo da história, as obras de caridade. No dizer do famoso escritor, Thomas E. Woods Jr, “foi a Igreja Católica que inventou a caridade tal como a conhecemos no Ocidente”.
Assim argumenta o historiador: “Exigiria volumes sem conta elaborar uma lista completa das obras de caridade católicas promovidas ao longo da história por pessoas, paróquias, dioceses, mosteiros, missionários, frades, freiras e organizações leigas. Basta dizer que a caridade católica não tem paralelo com nenhuma outra, em quantidade e variedade de boas obras, nem no alívio prestado ao sofrimento e miséria humanos”. ²
Compreende-se, dentro deste contexto, o quanto é louvável dar esmolas a quem precisa de nosso auxílio. No entanto, embora tão diversas sejam as formas de fazer caridade, parece que algumas pessoas têm uma compreensão limitada do que seja fazer caridade e restringem esta à prática da esmola material. Seria correta esta visualização? Como responder à questão?

São Máximo
A Frase da Semana, da lavra de São Máximo, Confessor (Séc. VIII), nos traz a resposta: “A caridade não se revela apenas nas esmolas em dinheiro. Muito mais em partilhar a doutrina e em prestar serviços corporais.”¹
Esta afirmação do santo abade, cheia de sabedoria, encontra especialmente sua realidade em nossos dias. Bastará considerar a admoestação de Nossa Senhora em Fátima, cujo aniversário das aparições celebramos, e analisar a profunda crise moral e religiosa que a humanidade sofre: assim podemos compreender o quanto se faz necessário – e diríamos, até, urgente – partilhar a doutrina com um número incomparável maior de pessoas, incluindo pobres e ricos, que são pobres da Boa Nova do Divino Mestre e órfãos espirituais.
Nesta perspectiva, apoiado em São Tomás e Santo Agostinho – que nos ensinam a superioridade da esmola espiritual sobre a corporal – o Fundador dos Arautos do Evangelho, Mons. João Clá Dias, EP afirma: “oferecer a Verdade ou a Bondade é um preceito que também nos obriga, em face das almas desamparadas e prestes a entrarem na agonia espiritual por ausência do socorro da Palavra e do exemplo”.³
Que esses grandes santos nos obtenham de Nossa Senhora de Fátima um grande zelo apostólico, partilhando o que aprendemos da Santa Igreja e praticando esta obra de misericórdia espiritual que é ensinar os ignorantes da Doutrina Cristã, comunicando-a não só pela palavra, mas sobretudo pelo exemplo..
Adilson Costa da Costa

¹ São Máximo Confessor, Abade. Dos Capítulos sobre a Caridade. In Liturgia das Horas. Vol. III. Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave Maria, 2000, p. 201.
² Thomas E. Woods Jr. Como a Igreja construiu a civilização ocidental. Tradução de Élcio Carillo. Revisão de Emérico da Gama. 8ª. Ed. São Paulo: Quadrante, 2013, p. 160.
³ Mons. João Clá S. Dias, EP. A esmola e o belo. Disponível em:

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