Nas Sagradas Escrituras vemos Deus muitas vezes comunicar-se aos homens por meio de sinais na natureza: a brisa da tarde no Paraíso,
o arco-íris após o dilúvio, a sarça ardente, a diáfana nuvem de Santo
Elias etc. E em seu próprio nascimento, Ele quis usar de um sinal no
céu: a Estrela de Belém. Esse fato nos é narrado apenas por um dos
evangelistas: São Mateus.
Na
verdade, naquela época acreditava- se que o nascimento de pessoas
importantes estava relacionado com certos movimentos dos astros
celestes.
Assim,
dizia-se que Alexandre o Grande, Júlio César, Augusto e até filósofos
como Platão tiveram a sua estrela, aparecida no céu quando eles vieram
ao mundo. Muito se tem comentado a respeito da estrela surgida aos três
Reis Magos , guiando-os até o local bendito em que o Salvador haveria de
nascer.
E
não faltaram homens de ciência tentando encontrar uma explicação
natural para esse evento sobrenatural, centro da história humana. Não
temos a pretensão de fazer um compêndio científico a respeito, mas não
deixa de ter certo interesse conhecer, ainda que de modo sumário, as
principais tentativas de solucionar esse enigma. Uma das primeiras
teorias levantadas era que esse astro teria sido o planeta Vênus. Pois a
cada 19 meses, pouco antes do nascer do Sol, ele aparece dez vezes mais
claro que a mais brilhante das estrelas: a Sírius.
Mas
esse já era, então, um fenômeno assaz conhecido pelos povos do oriente
e, portanto, para os Reis Magos nada teria de extraordinário.
Outra
hipótese foi levantada por um astrônomo reconhecido nos meios
científicos do século XVI: Johannes Kepler. Tentou ele demonstrar com
seus longos estudos, que esse astro não era apenas um, mas a conjunção
de dois planetas: Júpiter e Saturno. Quando eles se sobrepõem, somam-se
os respectivos brilhos. Um fenômeno
desses foi por ele observado em 1604 e podia produzir um efeito
semelhante ao que nos conta a Bíblia. A partir daí, Kepler defendeu sua
teoria.
Mas
existem três problemas ao fazer essa afirmação: primeiro, essa
conjunção dura apenas algumas horas, e a estrela que apareceu para os
Reis Magos foi visível por eles durante semanas; segundo, Júpiter e
Saturno nunca se fundem completamente numa única estrela. Mesmo a olho
nu, seriam sempre visíveis dois corpos; terceiro, ao menos que a data do
nascimento do Menino Jesus esteja muito mal calculada, tal conjunção só
poderia ter lugar três anos depois.
Há
quem diga que a estrela foi, na verdade, um meteoro especialmente
brilhante. Mas um meteoro só pode durar alguns segundos e seria muito
forçado crermos que esses poucos segundos de visibilidade bastariam para
guiar os reis magos numa viagem através de quilômetros em um deserto
inabitável, e que ao chegarem em Belém, apareceu um outro meteoro
semelhante, indicando o local exato onde estava o Menino-Deus.
Orígenes,
Padre da Igreja nascido em Alexandria, Egito, chegou a acreditar ser a
Estrela de Belém um cometa. Pois alguns cometas chegam a ser centenas de
vezes maiores que a Terra, e sua luz pode dominar o firmamento durante
semanas.
Além
disso, alguns sustentam que São Mateus teria ficado tão impressionado
com o cometa Halley, visto nos céus em 66 d.C. ou pelo testemunho dos
mais antigos cristãos que o tinham visto em 12 a.C., que o incluiu na
história. Outros afirmam ter sido o próprio Halley, a Estrela de Belém.
Mas
devemos reconhecer que as duas datas citadas estão muito afastadas do
nascimento de Jesus, para serem unidas a ele. E segundo os dados
catalogados, não há menção de nenhum outro cometa que tenha sido visto a
olho nu entre os anos 7 a.C e 1 d.C., período no qual se aceita ter
nascido o Messias. Além disso, é corrente serem os cometas na
Antigüidade anunciadores de desgraças e não de bênçãos. Uma última hipótese dita científica é a que tenha sido uma "Nova".
Existem
certas estrelas que explodem de tal forma que sua luz aumenta centenas
de vezes em poucas horas. São as chamadas "Novas", ou "Supernovas",
dependendo da intensidade da explosão. Calcula-se que a cada mil anos,
aproximadamente, uma estrela se transforme em "Supernova", sendo este
fenômeno visível durante vários meses, até mesmo durante o dia.
Mas
já não se crê nessa hipótese, pois tais explosões, devido à sua
magnitude mesmo depois de séculos deixam traços inconfundíveis no
espaço, como manchas estelares etc. Entretanto, até hoje não se
descobriu nenhum indício de tal fenômeno ocorrido nesse período
histórico.
Embora
várias tentativas de explicação científica não tenham dado respostas
plenamente satisfatórias ao mistério da Estrela de Belém, isso em nada
diminui o mérito dos esforçados estudiosos que com reta intenção buscam
desvendar os enigmas da natureza. Masdeixando
essas hipóteses de lado por um momento, voltemos nossos olhos à outro
aspecto da questão: o campo teológico, onde se considera que essa
estrela era a realização da profecia do Antigo Testamento: "Uma estrela
avança de Jacó, um cetro se levanta de Israel" (Num 24,17).
Alguns
teólogos defendem que São Mateus fez uma interpretação das tradições da
época, referindo-se ao astro não como uma estrela no sentido literal,
mas como símbolo do nascimento de um personagem importante. Mas
São Tomás, o Doutor Angélico, já havia pensado nisso em sua época e
resolveu a questão na Suma Teológica (III, q. 36, a.7), usando cinco
argumentos tirados de São João Crisóstomo:
1º. Esta estrela seguiu um caminho de norte ao sul, o que não é comum ao geral das estrelas.
2º. Ela aparecia não só de noite, mas também durante o dia.
3º. Algumas vezes ela aparecia e outras vezes se ocultava.
4º. Não tinha um movimento contínuo: andava quando era preciso que os magos caminhassem, e se detinha quando eles deviam se deter, como a coluna de nuvens no deserto.
5º. A estrela mostrou o parto da Virgem não só permanecendo no alto, mas também descendo, pois não podia indicar claramente a casa se não estivesse próxima da terra.
2º. Ela aparecia não só de noite, mas também durante o dia.
3º. Algumas vezes ela aparecia e outras vezes se ocultava.
4º. Não tinha um movimento contínuo: andava quando era preciso que os magos caminhassem, e se detinha quando eles deviam se deter, como a coluna de nuvens no deserto.
5º. A estrela mostrou o parto da Virgem não só permanecendo no alto, mas também descendo, pois não podia indicar claramente a casa se não estivesse próxima da terra.
Mas
se esse astro não foi propriamente uma estrela do céu, o que era ela?
Segundo o próprio São Tomás, ainda citando o Crisóstomo, poderia ser:
1º.
O Espírito Santo, assim como ele apareceu em forma de pomba sobre Nosso
Senhor em Seu batismo, também apareceu aos magos em forma de estrela.
2º. Um anjo, o mesmo que apareceu aos pastores, apareceu aos reis magos em forma de estrela.
3º. Uma espécie de estrela criada à parte das outras, não no céu mas na atmosfera próxima à terra, e que se movia segundo a vontade de Deus.
2º. Um anjo, o mesmo que apareceu aos pastores, apareceu aos reis magos em forma de estrela.
3º. Uma espécie de estrela criada à parte das outras, não no céu mas na atmosfera próxima à terra, e que se movia segundo a vontade de Deus.
Como
solução ao mistério da Estrela de Belém, São Tomás acreditava ser mais
provável e correta esta última alternativa. De qualquer forma, temos a
certeza de que essa estrela continua a brilhar não só no alto das
árvores de Natal, mas principalmente na alma de cada cristão ao
comemorar a Luz nascida em Belém para iluminar os caminhos da
humanidade. (Revista Arautos do Evangelho, Dez/2007, n. 72, p. 36-37)
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