terça-feira, 4 de julho de 2017

A fidelidade à Santa Igreja tornou os Arautos do Evangelho uma instituição em pleno desenvolvimento no mundo inteiro.

“Sede mensageiros do Evangelho”
Quando uma nova instituição nasce na Santa Igreja a partir das graças concedidas ao fundador, este deve se apresentar aos sucessores dos Apóstolos para que o confirmem em sua missão. O fato de colocar-se sob a égide dos pastores sempre constitui um indício da autenticidade do carisma, pois o espírito de comunhão eclesial é uma constante nas obras suscitadas pelo Divino Paráclito.
Com os Arautos do Evangelho este percurso teve início em 1998, quando Mons. João Scognamiglio Clá Dias recebeu aprovação diocesana para sua nascente obra, concedida por Dom Emílio Pignoli, então Bispo de Campo Limpo, na Grande São Paulo. Favorecida pela Providência, esta semente não tardou a germinar e a estender os seus ramos, ultrapassando os limites diocesanos para alcançar numerosos países. Diante da necessidade de acolher as diversas casas de Arautos sob uma mesma realidade jurídica, a Santa Sé decidiu erigi-los em Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício em data muito simbólica: 22 de fevereiro de 2001, festa da Cátedra de Pedro.
Na manhã do dia 28 do mesmo mês, São João Paulo II os acolheu com palavras que ainda hoje permanecem vivas na memória e no coração de quantos tiveram a alegria de ouvi-lo: “Sede mensageiros do Evangelho pela intercessão do Coração Imaculado de Maria”.
Este primeiro aval pontifício não foi, entretanto, isento de um cuidadoso acompanhamento por parte dos que o concederam. O sacerdote orionita Giovanni D’Ercole, à época capo ufficio da Secretaria de Estado e hoje Bispo de Ascoli Piceno, percorreu diversos países para conhecer e acompanhar de perto o desenvolvimento dos Arautos.
Atenta análise de Dom Giovanni D’Ercole
Retornando a Roma, transmitiu em seguida as observações ao fundador: “Escrevo-lhe estas linhas para lhe confiar mais alguns comentários sobre minha visita às casas dos Arautos do Evangelho nas três Américas. A perspectiva trazida pelo transcorrer dos dias vem me dando a chance de melhor avaliar alguns pontos, que tenho procurado aprofundar. Era um dos objetivos de minha viagem analisar bem de perto as diversas realidades dos Arautos do Evangelho, a fim de, se necessário fosse, dar-lhes conselhos e orientações. Por isso, apliquei minha atenção em tudo com particular empenho. […]
“Já tive oportunidade de lhe dizer em São Paulo que fiz diversas observações e procurei aconselhar a respeito de alguns assuntos, deixando uns poucos pontos para estudar melhor no futuro. […] Quero deixar também registrado que encontrei no senhor, e em geral em todos os encarregados com os quais conversei, aí e nos outros países, uma ótima disposição para aceitar minhas ponderações. Além disso, pude comprovar a vitalidade e força de expansão dessa obra a qual, em tão pouco tempo, vai se estendendo célere pelo mundo inteiro. Queira Deus que ela continue a trilhar esse caminho, e se multiplique a ponto de atingir todos os rincões do globo. […]
“Agradou-me observar, durante os dias em que estivemos juntos, a modéstia com a qual o senhor age em tudo, nunca procurando chamar a atenção sobre si mesmo. E isto me fez concluir ser esta uma das fontes das quais nascem as orientações prudentes e sapienciais para os Arautos do Evangelho no mundo inteiro”.
Florescem duas Sociedades de Vida Apostólica
Inesgotável em seus dons, o Divino Espírito Santo fez desabrochar no seio desta Associação laical vocações para o sacerdócio, inspirando dezenas de seus membros a se consagrarem a esse ministério para o serviço da Igreja. O crescimento da instituição tornou clara a necessidade deste novo ramo: o elevado número de membros e colaboradores não podia receber nenhuma assistência sacramental por parte dos consagrados, formando-se assim uma lacuna de padres animados pelo carisma.
Em inesquecível cerimônia realizada a 15 de junho de 2005 na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em São Paulo, os quinze primeiros presbíteros Arautos receberam a unção sacerdotal das mãos de Dom Lucio Angelo Renna, OCarm. Era o desabrochar de uma frondosa árvore que hoje conta com 159 sacerdotes e 28 diáconos dedicados ao serviço do altar e à salvação das almas.
As graças concedidas desde então pela Providência e o ingresso de grande número de vocações não tardaram a chamar a atenção de Sua Santidade Bento XVI. Em Luz do mundo, o livro-entrevista publicado em coautoria com Peter Seewald, ele declarou: “Vê-se que o Cristianismo, neste momento, também está desenvolvendo uma criatividade totalmente nova. No Brasil, por exemplo, de um lado se registra um forte crescimento das seitas, com frequência muito equivocadas, por prometerem essencialmente riqueza e sucesso exterior; por outro lado, se presencia também grandes renascimentos católicos, um dinâmico florescer de novos movimentos como, por exemplo, os Arautos do Evangelho, jovens cheios de entusiasmo por terem reconhecido em Cristo o Filho de Deus, e desejosos de anunciá-Lo ao mundo”.
Nas jovens comunidades tornaram-se cada vez mais vivas estas disposições, surgindo entre os seus membros o desejo de uma entrega completa, pautada pela prática dos conselhos evangélicos. Para isso um novo enquadramento jurídico fazia-se necessário, uma vez que a estrutura vigente, concebida para leigos, estava largamente superada.
Assim nasceu a Sociedade Clerical de Vida Apostólica Virgo Flos Carmeli, a partir do ramo sacerdotal dos Arautos, seguida pela Sociedade de Vida Apostólica Regina Virginum, constituída por sua vez pelos elementos mais dinâmicos do ramo feminino. Ambas as sociedades tiveram seus estatutos reconhecidos de modo definitivo pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica em 3 de fevereiro de 2010, sob os auspícios do Cardeal Prefeito, Franc Rodé.
Convencido de estar colaborando com uma obra providencial, declarou ele no dia da entrega dos decretos: “Pelo que me foi dado fazer pelos Arautos do Evangelho, posso dizer que não foi inútil a minha passagem por este dicastério”.
Dom Cláudio Hummes: Pai e pastor dos Arautos
Os contatos que os Arautos do Evangelho tiveram com Dom Cláudio Hummes começaram logo depois da aprovação, quando ele presidia a Arquidiocese de São Paulo, e se tornaram mais abundantes, calorosos e intensos ao longo dos anos.
Durante uma Missa no Seminário dos Arautos, em 20 de novembro de 2006, o Cardeal afirmou: “Foi um privilégio e uma graça muito grande que os Arautos tenham nascido na Arquidiocese de São Paulo. Lembro-me do dia em que o João (na época), hoje Pe. João, veio com seu grupo para dizer que estavam fundando a Associação de Fiéis dos Arautos do Evangelho. Assim, eles deram esse passo tão decisivo, tão corajoso e abençoado por Deus. Vocês veem hoje como Deus os abençoou, e como cresceram pelo mundo afora”.
No início da cerimônia de ordenação dos primeiros sacerdotes Arautos, presidida por Dom Lucio Renna na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, Dom Cláudio explicou que um compromisso muito importante impedia-lhe de permanecer durante a celebração, mas salientou: “Quis vir aqui pela importância deste momento”. E acrescentou: “Esta Associação cresceu maravilhosamente. Nós todos estamos muito admirados e louvamos a Deus por este crescimento muito rápido da Associação dos Arautos do Evangelho, tanto aqui em São Paulo quanto no Brasil afora e por todo o mundo, em tantos países em que já estão presentes. Uma associação cristã de direito pontifício na qual começou a surgir também o chamado de Deus para o sacerdócio. Ontem foram ordenados cinco diáconos e, hoje, quinze diáconos serão ordenados padres. Este é um momento extremamente importante. E eu quero cumprimentar e, com vocês, agradecer a Deus por esta graça tão grande que hoje será concedida a vocês e, em vocês, à Igreja no Brasil, à Igreja no mundo”.
Na sua homilia durante a mencionada visita ao seminário, o prelado salientou: “São Paulo já dizia que a Igreja – os Apóstolos e seus sucessores – tem de saber discernir e guardar, ou seja, apoiar aquilo que é bom. Corrigir aquilo que não está bem, mas apoiar aquilo que é bom, santo e justo. A Igreja já manifestou esse apoio a vocês, aprovando-os em âmbito pontifício. Mundial, portanto. Vocês receberam essa graça da Igreja, que é esse reconhecimento. Ao mesmo tempo, é uma grande responsabilidade de serem sempre muito fiéis e saberem interpretar em que direção a Igreja vai, como podem ajudar a Igreja, como podem dar apoio às suas iniciativas, em todo lugar onde estão”.
Não fosse a falta de espaço, muitas outras palavras de paternal estímulo poderíamos recolher nestas páginas. Pois Dom Claúdio sempre foi para com os Arautos, dos primeiros momentos até a atualidade, um verdadeiro pai e pastor. (Revista Arautos do Evangelho, Julho/2017, n. 187, p. 34 à 39)

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